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Um suspense sem mistério
O Japão trabalha com extremos. Ou faz coisas muitos boas, ou muito ruins. Ou muito estranhas. Dessa vez pareceu trabalhar no meio termo.
Visualmente, "Iribito" impressiona logo de cara. Nos deparamos com uma produção de qualidade cinematográfica. A direção de fotografia tem enquadramentos belíssimos, conseguindo valorizar as obras de arte retratadas na trama e a relação que os personagens tem com elas. Possui uma narrativa interessante que envolve relações familiares, relações abusivas e um ar de suspense. Uma protagonista com pouco carisma, mas com a atriz entregando uma ótima atuação.
Acho que o maior problema está em não conseguir entregar aquilo que se propõe, principalmente na trilha sonora. A música constantemente invoca algum mistério a ser desenrolado, mas no fim não entrega nada. É uma sensação de sempre estar dando partida num motor que não liga. A trilha engrandece uma história que a narrativa não sustenta. Queremos entender como é a relação entre o mestre e a aprendiz, queremos entender a relação da protagonista com a arte e como ela se sente em relação ao seu bebê, queremos entender a relação entre seu marido e sua mãe.
A construção desses momentos é interessante, mas o desfecho decepciona. Nos deparamos com um assassinato que não foi assassinato. Foi um acidente encoberto estupidamente por um sentimento de inveja e ciúme. Os crimes começaram a partir daí, quando o mestre submeteu sua aprendiz a situações abusivas. A protagonista e a aprendiz descobrem que são irmãs em um twist que enfraquece totalmente o arco das duas. Uma relação construída pela conexão à arte, que dava abertura para uma abordagem poética, é destruída pelo subterfúgio barato do laço sanguíneo. E, de modo bastante preguiçoso, temos a mãe (que não é mãe) se martirizando pelo modo que tratou a filha, mas sem embasamento nenhum, ela só muda de atitude subitamente. E temos o marido descobrindo que a esposa e a aprendiz são irmãs. Também do nada. É como se fossem plots que não deram tempo de serem desenvolvidos nos cinco episódios, então resolveram de qualquer modo só pra não deixar em aberto. Era melhor ter deixado a mãe ainda cretina e o marido na ignorância.
Ao mesmo tempo que teve uma ótima atuação da atriz protagonista, também tiveram atuações caricatas que saíram do tom do jdrama como um todo, principalmente a figura do mestre e também no fatídico último episódio. Sua morte foi completamente teatral e não naturalista, correndo o risco de ser risória. O único aspecto positivo foi a neve caindo, trazendo uma linguagem poética que o drama de beneficiaria se tivesse investido mais nisso.
Em suma, é interessante de acompanhar, mas decepciona na hora de finalizar. É como nadar e morrer na praia, mas talvez valha a pena pela jornada.
Visualmente, "Iribito" impressiona logo de cara. Nos deparamos com uma produção de qualidade cinematográfica. A direção de fotografia tem enquadramentos belíssimos, conseguindo valorizar as obras de arte retratadas na trama e a relação que os personagens tem com elas. Possui uma narrativa interessante que envolve relações familiares, relações abusivas e um ar de suspense. Uma protagonista com pouco carisma, mas com a atriz entregando uma ótima atuação.
Acho que o maior problema está em não conseguir entregar aquilo que se propõe, principalmente na trilha sonora. A música constantemente invoca algum mistério a ser desenrolado, mas no fim não entrega nada. É uma sensação de sempre estar dando partida num motor que não liga. A trilha engrandece uma história que a narrativa não sustenta. Queremos entender como é a relação entre o mestre e a aprendiz, queremos entender a relação da protagonista com a arte e como ela se sente em relação ao seu bebê, queremos entender a relação entre seu marido e sua mãe.
A construção desses momentos é interessante, mas o desfecho decepciona. Nos deparamos com um assassinato que não foi assassinato. Foi um acidente encoberto estupidamente por um sentimento de inveja e ciúme. Os crimes começaram a partir daí, quando o mestre submeteu sua aprendiz a situações abusivas. A protagonista e a aprendiz descobrem que são irmãs em um twist que enfraquece totalmente o arco das duas. Uma relação construída pela conexão à arte, que dava abertura para uma abordagem poética, é destruída pelo subterfúgio barato do laço sanguíneo. E, de modo bastante preguiçoso, temos a mãe (que não é mãe) se martirizando pelo modo que tratou a filha, mas sem embasamento nenhum, ela só muda de atitude subitamente. E temos o marido descobrindo que a esposa e a aprendiz são irmãs. Também do nada. É como se fossem plots que não deram tempo de serem desenvolvidos nos cinco episódios, então resolveram de qualquer modo só pra não deixar em aberto. Era melhor ter deixado a mãe ainda cretina e o marido na ignorância.
Ao mesmo tempo que teve uma ótima atuação da atriz protagonista, também tiveram atuações caricatas que saíram do tom do jdrama como um todo, principalmente a figura do mestre e também no fatídico último episódio. Sua morte foi completamente teatral e não naturalista, correndo o risco de ser risória. O único aspecto positivo foi a neve caindo, trazendo uma linguagem poética que o drama de beneficiaria se tivesse investido mais nisso.
Em suma, é interessante de acompanhar, mas decepciona na hora de finalizar. É como nadar e morrer na praia, mas talvez valha a pena pela jornada.
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